A Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) é uma perturbação do neurodesenvolvimento, caracterizada por padrões restritos nas atividades, exigindo a manutenção de um conjunto de tarefas padrão na rotina dos indivíduos para evitar transtornos e ansiedade. À medida que os jogos sérios e as intervenções tecnológicas se tornam mais relevantes na investigação e terapia do autismo, o aumento dos estudos sobre tecnologia para o autismo refletem um esforço coletivo para promover a independência e melhorar os resultados de aprendizagem. No entanto, a maioria desses estudos visa solucionar o défice de comunicação característico da PEA.
O desenvolvimento deste sistema foi guiado por princípios de Human-Centered Design (HCD), Ability-Based Design (ABD) e gamificação. O HCD coloca as necessidades, preferências e limitações dos utilizadores no centro do processo de design, garantindo que as soluções desenvolvidas são relevantes e úteis. O ABD foca-se em adaptar as tecnologias às capacidades dos utilizadores, potenciando as suas habilidades existentes. A gamificação introduz elementos de jogos para tornar as tarefas diárias mais envolventes e motivadoras, promovendo uma experiência de utilizador mais agradável e eficaz.
O projeto desenvolveu-se em três fases principais: na fase exploratória, foi realizada uma revisão da literatura e entrevistas exploratórias para aprofundar o conhecimento sobre o tema. Na fase generativa, iniciou-se o processo criativo de desenvolvimento do sistema, incluindo a criação de esboços, mapas mentais, storyboards, arquitetura da informação e wireframes, culminando num protótipo semi-funcional. Na fase avaliativa, foram realizados pré-testes e testes de usabilidade com os possíveis utilizadores, avaliando a aceitação do protótipo por parte dos jovens, cuidadores e profissionais da área. Este processo iterativo permitiu refinar o sistema, assegurando a sua eficácia e adequação às necessidades dos utilizadores.
Como resultado, foi desenvolvido um protótipo semi-funcional de um sistema interativo centrado na rotina diária de jovens com PEA, integrando uma área dedicad a cuidadores informais e profissionais. Este sistema visa tornar as rotinas mais leves e divertidas para os jovens, permitindo a participação dos cuidadores na configuração personalizada do sistema, adaptando-o às características individuais de cada jovem. No entanto, para a implementação final deste sistema, seriam necessários estudos com um horizonte temporal mais alargado, de forma a avaliar a sua eficácia e os benefícios a longo prazo.
A presente investigação teve como objetivo estudar o design de um sistema para jovens com PEA, com ênfase nos padrões restritos das atividades diárias, através do desenvolvimento de um sistema interativo que auxilia jovens com PEA na realização de tarefas diárias.